Metodologia de Trabalho

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Treinador, escolha: jogador especialista ou versátil?
Da base ao profissional, do clube formador ao grande, dos atletas à sua ideia de jogo. Qual a melhor opção?
Diversas opiniões são manifestadas acerca das características de um determinado jogador. É bastante comum se estabelecer um julgamento de valor privilegiando os que são mais versáteis em detrimento dos que exercem somente uma posição.
Como argumentos inegáveis a favor da versatilidade, para muitos, estão a possibilidade de mudar o jogador de posição durante uma partida, ou então, de alterar a distribuição das peças da equipe no campo de jogo sem necessariamente ter que fazer alguma substituição. Danilo, lateral-direito, volante e meio-campista do Santos e da seleção brasileira principal é um exemplo atual de atleta versátil.
Para outros, ser versátil é sinônimo de saber um pouco de tudo e muito de nada. Já li matérias de cronistas esportivos e pronunciamentos de treinadores respeitados no cenário do futebol que primam pela especialização em uma posição. Em opiniões mais simplificadas, afirmam que só é possível conhecer profundamente os “atalhos” de uma determinada função e se tornar acima da média, caso atue especificamente nela.
Já numa sábia opinião mais complexa, a especialidade aliada à multifuncionalidade (dominar várias regras de ação da mesma posição) é o argumento que se opõe aos que preferem os atletas polivalentes. Sneijder, meio campista da Inter de Milão, é um exemplo atual de um especialista em faixa central ofensiva que não conseguiu bom desempenho como meia aberto no Modelo de Jogo da ex-equipe de Gasperini.
Mas, afinal, o que é melhor para um treinador: ter um jogador especialista e multifuncional ou um jogador versátil?



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O futebol é feito, leia-se administrado, de diversas formas. Existem clubes com filosofias e culturas de jogo muito bem definidas, existem os que estão perdendo a identidade, existem os que perderam a identidade, os clubes de formação com muitos recursos, com poucos recursos, existem clubes que jogam pelo acesso a qualquer custo (a ponto de planejarem somente após subirem), existem os que trocam de treinador a cada instante, os que mantêm o treinador, os que te cobram exclusivamente pelo resultado de campo, existem os que não olham para a base, os que olham para a base, os que dirigentes trazem seus jogadores de confiança, os que dirigentes trazem os jogadores de confiança do treinador, os que dirigentes trazem jogadores de empresário com bom relacionamento com o clube, os que formam equipes às pressas...ufa!
Enfim, para cada “tipo” de clube, existem milhares de outros que são combinações entre os mencionados acima e cada treinador de futebol encontra-se em um clube com particularidades que caberá a ele perceber quais são.
Após analisar o que esperam as pessoas que o contrataram, além do ambiente em que ele está inserido, inicia-se a gestão da equipe a partir das suas ideias de jogo.
Se o treinador estiver num clube que privilegia a formação de alto nível, promover a polivalência deve ser pré-requisito para o exercício da função, pois se aumenta significativamente o valor agregado ao produto no final do processo. Porém, se o treinador assume uma equipe alguns dias antes da estreia ou do próximo jogo (ocorrência comum no futebol), o tempo hábil é muito curto para executar a leitura dos seus jogadores e lhes exigir polivalência ou até multifuncionalidade.
E, para desenvolver sua ideia de jogo, não é suficiente o conhecimento das características (táticas-técnicas-físicas-emocionais) de cada jogador. É preciso saber que possíveis baixas podem ocorrer ao longo de uma temporada, como lesões, negociações, suspensões ou quedas de rendimento e a eficaz gestão destas baixas é fundamental para sustentar a performance da equipe.
Quanto mais o treinador estiver atento às respostas (e o mais rapidamente possível) que cada um dos seus jogadores lhe oferece em relação ao desempenho de campo, melhor será a sua intervenção com os especialistas (multifuncionais ou não) e com os polivalentes.
E você, leitor, que chegou a este ponto do texto e exerce qualquer função na comissão técnica que não a de treinador, não se isente de suas responsabilidades em conhecer o jogador numa visão holística. Mais do que passes errados e certos, limiar maior ou menor, o jogador de futebol é um ser humano em movimento que te transmite quem ele é em cada jogo e sessão de treinamento.
Ajude seu treinador!
Porque, no final das contas, colocar os jogadores certos, dispostos nos lugares certos e com as dinâmicas que lhes sejam possíveis é um bom caminho para as vitórias.
Mas, afinal, o que é melhor para um treinador: ter um jogador especialista e multifuncional ou um jogador versátil?

Um comentário:

  1. Vou opinar de forma bem sugestiva.
    Realmente o desenvolvimento do trabalho profissional de um treiandor vai depender do carater da contratação. Se o treinador chegar no inicio de temporada o planejamento técnico deverá ser um, agora se chegar para salvar o clube de uma zona de rebaixamento, administrar um elenco desmotivado por uma campanha ruim, ou até mesmo substituir um treinador que é querido pelo elenco, tudo se torna mais arriscado e a tendência é que não surta o efeito desejado.
    A tendência (quase 100%) é que todo clube que busca um treinador durante a competição, este chega para reverter a situação atual da equipe. Raras são as exceções.
    Com isso, todo treinador planeja a base do seu time se espelhando em determinados jogadores, com características que se aproximam das suas pretensões.
    Ter um especialista numa equipe é para poucos. Os especialistas em sua maioria são limitados e nada versáteis.
    Os unicos especialistas que todos querem, são os especialistas em fazer gols e os goleiros. Todos os demais devem ter multifunções, haja visto as variedades de esquemas táticos utilizados pelos treinadores a cada partida, sem que se faça a substituição de jogadores.
    Um especialista em bolas paradas por exemplo, pode passar a partida toda sem fazer a diferença, e ao final do jogo marcar um gol de falta e o time ganhar a partida por um a zero, mas isso é um risco alto e uma meta incerta. Além do mais, cria-se uma expectativa aos torcedores que esse jogador sempre irá resolver no final, e quando substituído, o treinador será mal interpretado.
    Penso que o especialista em bolas paradas se faz com treinamentos exaustivos e repetitivos, e assim pensam os próprios especialistas. Já diz Rogério Ceni e o próprio Zico, que o segredo da perfeição nas bolas paradas são os treinamentos.
    Na minha opinião o jogador versátil e o jogador especialista são os mesmos, ou seja, a especialidade é uma forma de ser versátil, além do comportamento tradicional.
    Um ala pode ter a facilidade (versatilidade) em atuar no meio campo mas ele possui peculiaridades (especialidades) como ala.
    Um goleiro pode ser pontual na sua meta (jogar com as mãos) e ter a versatilidade em jogar com os pés. Portanto finalizando a minha opinião, o futebol não é dotado de especialista, ao contrário do voleibol que pode e exige um especialista em cada função. Considerando que a substituição do voleibol pode ocorrer a todo instante visando apenas um lance da partida, e no futebol uma vez substituído o jogador não pode voltar a campo.
    O jogador versátil é o mais requisitado, o pontual é o mais cobiçado.

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